Já se perguntou por que os cães menores vivem mais do que os de raças maiores? De acordo com Jack da Silva, do Departamento de Ciências Moleculares e Biomédicas da Universidade de Adelaide, na Austrália, a resposta tem a ver com o fato de que a seleção natural enfraquece com a idade.
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Em um estudo recente publicado no jornal científico The American Naturalist, da Universidade de Chicago (EUA), da Silva coletou dados sobre 164 raças de cães em uma tentativa de entender melhor as causas dessas diferenças de expectativa de vida.
Os dados incluíram informações sobre massa corporal adulta, massa neonatal, em que idade as raças atingem 50% de sua massa adulta, tamanho da ninhada, idade média da morte, causa da morte e distribuição de cães em diferentes idades para cada raça.
Os autores descobriram que o declínio da expectativa de vida para raças com tamanho corporal crescente é mais provável devido à reprodução seletiva recente para tamanhos maiores, agindo através do aumento das taxas de crescimento inicial.
Mas o que isso significa? Ao invés de destinar recursos para a manutenção geral do corpo, a seleção para maior tamanho corporal prioriza recursos para o crescimento inicial, o que se reflete no fato de que raças maiores sofrem mais doenças físicas a partir dos dois anos de idade.
Além disso, as mutações que aumentam o tamanho do corpo em cães e ratos de laboratório também aumentam o risco de câncer. Essa associação faz sentido quando consideramos que a maioria dos cânceres resulta de mutações que surgem durante a divisão celular, sendo que indivíduos maiores apresentam mais divisões celulares para que tais mutações ocorram.
Segundo da Silva, as evidências que apontam para raças maiores com expectativa de vida mais curta devido ao investimento de recursos no crescimento inicial, em vez da manutenção do corpo (que inclui defesas contra o câncer, como reparar erros de cópia de DNA e combater células cancerígenas), e o fato de que cães maiores tendem a ter ninhadas maiores, apoia a teoria de otimização da história de vida da evolução do envelhecimento.
“Qualquer investimento feito em crescimento e reprodução não pode ser feito também na manutenção da condição do corpo. Portanto, como a seleção enfraquece com a idade, você maximiza o número de descendentes produzidos crescendo rapidamente e se reproduzindo em uma idade jovem, em vez de manter seu corpo em condições físicas de pico”, explicou da Silva.
Essa teoria também sugere que, com o tempo, cães maiores devem desenvolver melhores defesas contra o câncer, vidas mais longas e ninhadas menores.
“As mutações que são desvantajosas têm menos probabilidade de serem removidas de uma população por seleção se agirem apenas em idades mais avançadas. Assim, a teoria do acúmulo de mutações explica o envelhecimento como o acúmulo de mutações deletérias que atuam em idades mais avançadas”, ainda disse da Silva.